quarta-feira, 22 de abril de 2009

Cultivando Tangerinas no Ziplock

Esta fotografia abaixo -- em que crianças de uma escola cultivam sementes de feijão e girassol em um saco de ziplock com uma toalha de papel umedecida -- me lembrou imediatamente de uma idéia antiga. Sempre pensei na fotografia digital como um meio privilegiado de capturar certos fenômenos do mundo que acontecem de forma tão lenta, que são imperceptíveis em um curto espaço de tempo. Assim acontece com o crescimento de uma muda. Os sacos de ziplock são perfeitos para se visualizar a planta inteira, inclusive a raiz, durante o processo de crescimento.
baggies.jpg
Veja sobre esta imagem no blog: The Momo Blog

Então tomei a decisão de fazer o cultivo. Busquei e li na Web alguns experimentos do mesmo tipo e verifiquei que usualmente é referenciada a semente de limão. Tentei o limão e o resultado você vê na fotografia abaixo; abri uma dúzia de limões e nenhuma semente.

Me irritei com os limões e parti para a tangerina (o parente mais próximo que achei na geladeira =). O resultado deu certo! Tentei também maçã e feijão. O feijão cresce rápido e morre rápido; a maçã dura mais que o feijão, mas também não durou tanto tempo. Você pode ver fotografias quase diárias neste álbum:



Este experimento serviu como tema base para um tópico sobre experimentação científica, na disciplina de Introdução ao Trabalho Científico da Unifacs, em que eu sou um dos autores. Fiz um vídeo para a disciplina onde detalho como cultivar a tangerina no ziplock:


sábado, 11 de abril de 2009

Fazendo Muito com Pouco

Hoje me lembrei de um evento curioso, ocorrido há muitos anos atrás. Eu estava ministrando um curso sobre o tema software educacional e, como de costume, preparei uma seleção do que havia de mais novo em termos de software gratuito. Entre os sofisticados ambientes e ferramentas estava um tímido programinha russo chamado GeoHTML (http://www.fegi.ru/geohtml/). Trata-se de um programa especializado na criação de links mapeados no HTML. A idéia básica é que você pode partir de uma imagem qualquer e, usando o GeoHTML, definir áreas sobre a imagem (polígonos, retângulos e círculos) que se transformam em links, ou seja, quando você clica na área ela lhe remete a um endereço que você indica. A idéia não é nova, já existe no HTML há muito tempo, mas o software faz isso de uma forma muito simples (veja a ilustração).


Autor da ilustração da anatomia: Patrick J. Lynch
disponível na Wikimedia Commons


Esse programinha fez um sucesso tremendo! Mais do que todos os outros juntos. Imagine o que você pode fazer com isso em termos educacionais. Como na figura exemplo, dá para mapear as partes do corpo humano. Cada link pode conduzir a uma página que explica aquela parte, ou até para uma nova figura ampliando e detalhando a área específica (que pode ter novos links). Você pode usar mapas geográficos ou outras coisas que imaginar. Em um material nosso sobre objetos de aprendizagem apresentamos mais alguns detalhes da proposta: veja aqui.
Hoje fiquei feliz ao ver que o antigo programa ainda continua rodando no meu computador. Apesar do sucesso que fez com os professores, eu mesmo nunca apliquei com os alunos =). Compartilhe aqui novas idéias e experiências com esta abordagem de mapeamento de HTML.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Vendo o Invisível e Black-box

Como professor de computação eu muitas vezes senti a necessidade de estimular os meus alunos a desenvolver um raciocínio lógico aplicado à resolução de problemas. Como professor de introdução ao trabalho científico eu sempre achei essencial que meus alunos entendessem como a ciência opera, tirando conclusões a partir do raciocínio sobre um conjunto de evidências. Nestes dois contextos o jogo Black-box tem sido um grande aliado. Criado por Eric Solomon na década de 70, o jogo se inspirou na tecnologia da tomografia computadorizada. A forma original de como o comportamento do raio-x, colidindo com a matéria em diversos ângulos, produzia as imagens internas do corpo humano, despertou a criatividade de Eric, que resultou neste jogo muito interessante.
Trata-se de um jogo onde você deve descobrir a posição de partículas ocultas, a partir do disparo de raios. Além do desenvolvimento do raciocínio lógico, exigido pelo jogo, o jogador vai sistematizando mentalmente estratégias que podem ser aplicadas em cada tipo de situação. Isto reproduz a forma como vamos nos aperfeiçoando na resolução de problemas do dia a dia. Acho muito interessante estimular grupos de jogadores a compartilhar estratégias pessoais para o jogo, pois este compartilhamento implica em um empenho pessoal para externalizar e formalizar o raciocínio. Isso permite perceber que, no processo de resolução de problemas, é possível se sistematizar estratégias, combiná-las e aperfeiçoá-las, inclusive coletivamente.
Para contextualizar o jogo, produzi este vídeo onde falo sobre raio-x e tomografia computadorizada. Este vídeo tenta conduzi-lo por uma seqüência de idéias que resultam na compreensão de como funciona a tomografia.


Fiz este segundo vídeo onde apresento a lógica básica de funcionamento do jogo. Não me aprofundei muito para não estragar a parte mais importante do jogo: que o jogador desenvolva as próprias estratégias.


Abaixo apresento a lista de uma seleção de versões do jogo gratuitas e os respectivos comentários:
Black Box 1 – É a versão que eu prefiro do jogo; simples e bem produzida. Foi utilizada no vídeo.
Black-box cristais – Esta versão roda como DOS no computador e por isso toma a tela inteira. Apesar de não seguir rigorosamente o formato original, acho que o uso da metáfora dos cristais nesta versão deixa mais claro o comportamento de desvio dos raios.
Black-box applet – Esta roda diretamente no navegador, mas é bem simples. Não tem os gráficos e efeitos das demais. Entretanto, ela pode ser interessante para uso pedagógico se a intenção é trabalhar com o raciocínio abstrato e formalização de conhecimento, pois esta versão apresenta essencialmente números e símbolos.
Aargon BlackBox 1.0 – Variante sofisticadíssima que é inspirada no Black-box. Esta edição possui variedades de canhões e espelhos. Está disponível gratuitamente em versão demo, que já dá para fazer um monte de coisas.